Palestra "100 anos de Olímpismo em Portugal": Vicente de Moura critica Governo devido à "falta de financiamento desportivo"
Realizou-se, na passada 4ª Feira na sede do COP (Comité Olímpico Português), a palestra "100 anos de Olimpismo em Portugal", que contou com a presença do Comandante Vicente de Moura, do ex-atleta Carlos Lopes e de outros desportistas olímpicos.
O ex-maratonista, que foi o primeiro a falar, começou por revelar que estava "muito contente" com o facto do COP ter completado 100 anos, acrescentando que gostaria de estar presente na festa do 200º aniversário, algo que será "humanamente impossível de se concretizar".
Sobre a sua vitória em Los Angeles, Carlos Lopes disse que "durante 2 anos e meio" não pensou noutra coisa. O ex-atleta recorda que no dia 12 de Agosto de 1984, assim que soou o tiro de partida para a corrida mais longa de um programa olímpico de Atletismo, correu "sem pensar nos adversários", pois "se fizesse a Maratona em menos de 2h09m" ninguém o conseguiria bater.
Carlos Lopes concluiu a prova com o tempo de 2h09m21s, ou seja, mais 21 segundos do que a meta que tinha traçado, algo que o deixou "um pouco triste", porque naquela altura tinha condições para fazer "menos de 2h09m", o que seria um novo recorde europeu.
Depois do ex-atleta, entrou "em cena" o Comandante Vicente de Moura que confessou ter "vibrado" com a vitória de Carlos Lopes em Los Angeles, algo que classificou de "marco histórico".
O presidente do COP disse ainda que "até 1980 o importante era participar, o que fazia jus aos ideais do Barão Pierre de Coubertin ["pai" dos Jogos Olímpicos da Era Moderna], mas a partir daí os atletas começaram a levar os Jogos mais a sério e o COI [Comité Olímpico Internacional] teve de impor limites, ou seja, começou a exigir os chamados mínimos".
Vicente de Moura lembrou também que a "maior delegação portuguesa nuns Jogos Olímpicos foi a de Barcelona em 1992, com mais de uma centena de atletas", mas curiosamente "essa equipa não trouxe nenhuma medalha para Portugal".
O actual presidente do COP, que já vai no 5º mandato, referiu ainda que tem "excelentes relações com todas as federações", mas não poderá dizer o mesmo se falarmos "no Governo ou nas maiores empresas de Portugal".
Depois de saírem goradas as esperanças em ter "um patrocínio proveniente das receitas do Totoloto", o COP só "continuará vivo se as empresas e as entidades governativas ajudarem, o que não tem acontecido".
O Projecto Londres'2012 está orçado em 14,6 milhões de euros, mas até agora "o COP só recebeu cerca de 200 mil euros, o que não dá para ajudar os atletas".
Vicente de Moura terminou as suas declarações referindo que "a isentação de IRS das bolsas dos atletas foi uma conquista importante" e que apesar da crise, acredita que "o financiamento olímpico vai-se manter".
Quem também esteve presente na palestra foi o ex-judoca Nuno Delgado (medalha de Bronze nos Jogos de Sydney'2000), que disse não compreender porque é que "o Governo retirou o financiamento ao Desporto Escolar", pois só aí é que é possível encontrar "os verdadeiros talentos".
O ex-campeão disse ainda que o principal problema do desporto português não é o financiamento, mas sim a "falta de cultura desportiva das pessoas, pois os miúdos, actualmente, preferem estar em casa a jogar Playstation do que ir para a rua dar uns pontapés numa bola".
O velejador Nuno Barreto, medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta'1996, também considera que a falta de cultura desportiva é "mau para o país", porque "prejudica gravemente o seu desenvolvimento".
O presidente da Comissão de Atletas Olímpicos disse ainda que "actualmente os miúdos queixam-se do frio, da chuva, das condições do mar e das condições do barco, ou seja, de tudo, o que é muito mau para eles e para o futuro do desporto português".
Barreto concluiu a palestra dizendo que "há que mudar rapidamente as mentalidades desportivas, pois só assim é que Portugal poderá ter uma participação digna nos próximos Jogos Olímpicos".
Jornalista: João Miguel Pereira
O ex-maratonista, que foi o primeiro a falar, começou por revelar que estava "muito contente" com o facto do COP ter completado 100 anos, acrescentando que gostaria de estar presente na festa do 200º aniversário, algo que será "humanamente impossível de se concretizar".
Sobre a sua vitória em Los Angeles, Carlos Lopes disse que "durante 2 anos e meio" não pensou noutra coisa. O ex-atleta recorda que no dia 12 de Agosto de 1984, assim que soou o tiro de partida para a corrida mais longa de um programa olímpico de Atletismo, correu "sem pensar nos adversários", pois "se fizesse a Maratona em menos de 2h09m" ninguém o conseguiria bater.
Carlos Lopes concluiu a prova com o tempo de 2h09m21s, ou seja, mais 21 segundos do que a meta que tinha traçado, algo que o deixou "um pouco triste", porque naquela altura tinha condições para fazer "menos de 2h09m", o que seria um novo recorde europeu.
Depois do ex-atleta, entrou "em cena" o Comandante Vicente de Moura que confessou ter "vibrado" com a vitória de Carlos Lopes em Los Angeles, algo que classificou de "marco histórico".
O presidente do COP disse ainda que "até 1980 o importante era participar, o que fazia jus aos ideais do Barão Pierre de Coubertin ["pai" dos Jogos Olímpicos da Era Moderna], mas a partir daí os atletas começaram a levar os Jogos mais a sério e o COI [Comité Olímpico Internacional] teve de impor limites, ou seja, começou a exigir os chamados mínimos".
Vicente de Moura lembrou também que a "maior delegação portuguesa nuns Jogos Olímpicos foi a de Barcelona em 1992, com mais de uma centena de atletas", mas curiosamente "essa equipa não trouxe nenhuma medalha para Portugal".
O actual presidente do COP, que já vai no 5º mandato, referiu ainda que tem "excelentes relações com todas as federações", mas não poderá dizer o mesmo se falarmos "no Governo ou nas maiores empresas de Portugal".
Depois de saírem goradas as esperanças em ter "um patrocínio proveniente das receitas do Totoloto", o COP só "continuará vivo se as empresas e as entidades governativas ajudarem, o que não tem acontecido".
O Projecto Londres'2012 está orçado em 14,6 milhões de euros, mas até agora "o COP só recebeu cerca de 200 mil euros, o que não dá para ajudar os atletas".
Vicente de Moura terminou as suas declarações referindo que "a isentação de IRS das bolsas dos atletas foi uma conquista importante" e que apesar da crise, acredita que "o financiamento olímpico vai-se manter".
Quem também esteve presente na palestra foi o ex-judoca Nuno Delgado (medalha de Bronze nos Jogos de Sydney'2000), que disse não compreender porque é que "o Governo retirou o financiamento ao Desporto Escolar", pois só aí é que é possível encontrar "os verdadeiros talentos".
O ex-campeão disse ainda que o principal problema do desporto português não é o financiamento, mas sim a "falta de cultura desportiva das pessoas, pois os miúdos, actualmente, preferem estar em casa a jogar Playstation do que ir para a rua dar uns pontapés numa bola".
O velejador Nuno Barreto, medalha de Bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta'1996, também considera que a falta de cultura desportiva é "mau para o país", porque "prejudica gravemente o seu desenvolvimento".
O presidente da Comissão de Atletas Olímpicos disse ainda que "actualmente os miúdos queixam-se do frio, da chuva, das condições do mar e das condições do barco, ou seja, de tudo, o que é muito mau para eles e para o futuro do desporto português".
Barreto concluiu a palestra dizendo que "há que mudar rapidamente as mentalidades desportivas, pois só assim é que Portugal poderá ter uma participação digna nos próximos Jogos Olímpicos".
Jornalista: João Miguel Pereira