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terça-feira, outubro 31, 2006

Presidente do Pedrouços mantem pedido de demissão

Um ano após a entrada de José Barbosa Ramalho na liderança do Pedrouços, num momento complicado para o clube, a estabilidade conseguida não é sinónimo de tranquilidade.

Em entrevista exclusiva ao MaiaHoje, sem receios, o presidente da Comissão Administrativa abriu o livro.

Mantém a sua posição de demissionário e tece largas críticas ao vereador do Desporto da Câmara Municipal da Maia, Nogueira dos Santos. O balanço de um ano acabou por ficar para segundo plano.

MaiaHoje (MH) – No fim do jogo com o Padroense vimo-lo bastante incomodado, tendo afirmado que se demitiria da Comissão Administrativa do clube. Na altura disse que nem era tanto pelo alegado erro do árbitro mas por outras razões, mais internas. Quer agora esclarecer a que é que se referia?

José Barbosa Ramalho (JBR) – O árbitro errou, de facto, mas isso apenas foi a gota de água de outras situações que se vêm arrastando há já algum tempo e que se prendem com a Câmara Municipal da Maia. Mas vamos a dados concretos. Ainda há três semanas tive uma reunião com o vereador do Desporto, Dr. Nogueira dos Santos, para fazer os necessários protocolos, de forma a que o Pedrouços pudesse funcionar e ser auto-suficiente. O vereador diz que faz… que faz um protocolo para pôr o ginásio a funcionar, que faz um protocolo para colocar a sauna a funcionar, é protocolos para tudo, mas até hoje ainda não vi nenhum a ser celebrado. Continua tudo na mesma como há um ano atrás. O Pedrouços tem um ginásio com boas condições. Falei com o presidente da câmara, Engº Bragança Fernandes, para ter o equipamento a rentabilizar. Na altura da inauguração das obras do estádio, há cerca de dois meses, o presidente disse-me para realizar um protocolo com o vereador, pois era assim que pretendia que se funcionasse nestes assuntos. O protocolo não arrancou, temos o ginásio parado, as máquinas sem funcionar, investimos no espaço e não estamos a tirar qualquer rentabilidade.

M.H. – Mas quais os motivos que encontra para o facto dos protocolos ainda não terem sido realizados?

J.B.R. – Ando há um ano no Pedrouços, mas estou há mais de 20 no futebol. O que me dá a entender é que na câmara, sobretudo o vereador do Desporto, viram uma pessoa a chegar, a resolver os problemas imediatos do clube, a colocá-lo numa situação equilibrada – como muitos outros não têm – e deixaram andar. «O gajo que vá investindo, que ande tudo sossegadinho no Pedrouços sem dar chatices», pensaram, mas pensaram mal. Quero dizer ao senhor vereador do Desporto que basta. A partir do dia 3 de Novembro não continuo à frente do Pedrouços nestas condições. Faltaram ao prometido e vou-me embora. A não ser que até lá se mude muita coisa.

M.H. – Acredita que algo poderá mudar nesse sentido?

J.B.R. – Que fique claro. Eu não tenho qualquer problema em tomar conta do Pedrouços por mais meia dúzia de anos. Se me ajudarem no caminho que quero seguir, o Pedrouços é rentável e deixará de precisar da câmara para o que quer que seja. O que não se pode ter é um estádio municipal parado. O vereador do Desporto não autoriza a rentabilização do ginásio, do salão nobre, da sede devoluta, etc. Isto parece-me mais a União Soviética nos anos 70. É tudo nacionalizado. O estádio é da câmara, o campo de treinos é da câmara e se queremos fazer algo lá dentro não podemos. Só estamos ali para trabalhar e colocar o nosso dinheiro. Querem pessoas a trabalhar gratuitamente para que a câmara possa dizer que tem desporto em Pedrouços. Mas quando os voluntários forem embora, o vereador poderá colocar cabras a pastar no campo do Pedrouços, pois mais ninguém praticará lá desporto.

M.H. - Está disposto a falar novamente com o vereador Nogueira dos Santos?

J.B.R. – Eu não sou funcionário da Câmara Municipal da Maia. Eu pago milhares de euros em contribuições. Se o vereador entender, que me ligue. Para mim já chega. Reuni-me algumas vezes com ele e a história é sempre a mesma. Vai ser feito isto, vai ser feito aquilo e tudo continua igual. A única pessoa que me recebe e tenta resolver os problemas é o professor José Pedrosa, que é quem no município melhor conhece os dossiers do desporto, a pessoa mais competente. Aliás, parece-me que nada é feito no pelouro sem se consultar o professor Pedrosa. Que me desculpem, mas seria ele o vereador ideal. Não tenho nada contra o Dr. Nogueira dos Santos, mas acho que ocupa cargos a mais na câmara. Depois não consegue distinguir as situações. Vir a um evento do Pedrouços na qualidade de vereador com o emblema do Nogueirense na lapela não lembra a ninguém. Por outro lado, numa entrevista, o presidente da câmara municipal disse que em 2009 colocaria um sintético no Pedrouços para as camadas jovens. Passadas duas semanas, noutra entrevista, o vereador do Desporto disse que como obras tinha o sintético do Gondim e as piscinas do Castelo. Tive o cuidado de lhe ligar a perguntar pela prometida obra em Pedrouços. Respondeu-me que não iria falar em algo que não era para fazer. Afinal quem é que manda! O presidente da câmara é uma excelente pessoa, mas não está muito bem acompanhado.

M.H. – Não vê, então, qualquer futuro para o Pedrouços se tudo continuar como está?

J.B.R. – Não será só o Pedrouços. Muitos outros clubes estarão em risco. Eu não concordo com o tipo de desporto da Maia. A câmara andou estes anos todos a esbanjar dinheiro. Os clubes gastaram aquilo que tinham e o que não tinham. Agora que o presidente meteu a chaves e fechou a porta, os clubes encontram-se todos na falência. Até gostava que a câmara cortasse a verba para o Futebol sénior, só para ver como sobreviveriam. A câmara atribui ao Pedrouços pouco mais de 20 mil euros anuais. Dá para pagar a luz e o salário da empregada de limpeza. E quem é que sustenta sete camadas jovens, já para não falar dos seniores? Nós pagamos o transporte, o lanche, os salários dos treinadores e por aí fora.

M.H. – Que outras ideias tinha – ou tem – para o Pedrouços?

J.B.R. – Neste momento temos cerca de 316 miúdos a praticar desporto. Só não temos mais porque faltam condições. O que eu queria era chamar os miúdos e os pais. Atrair mais sócios e cativar a simpatia dos habitantes da terra. Pedrouços tem cerca de 16 mil habitantes e o clube apenas conta com 300 sócios. Fui a primeira pessoa a ser recebida pelo actual vereador do Desporto. Na altura disse-me que quem não tivesse camadas jovens não contaria com subsídio. Depois, o vereador do Desporto deu a volta ao «texto» e ficou tudo na mesma. O Pedrouços, o Castelo, o Pedras Rubras e o Maia são os clubes que mais camadas jovens têm, por isso deviam sair beneficiados em relação aos outros.

M.H. – Já vimos que esta estratégia da câmara para o desporto não tem, minimamente, a sua concordância…

J.B.R. – Como poderia ter! Onde vêem a Maia como capital do desporto? O concelho não tem uma equipa jovem nos campeonatos nacionais. E as meninas? Não podem praticar desporto? E as outras modalidades? Não têm direito a espaços físicos? Porquê só o Futebol e o Futsal? Discordo, por exemplo, que se queira um multi-usos com três pisos de quase cinco milhões de euros para a freguesia de Pedrouços. Quem usaria o espaço? O FC Porto? A Selecção Nacional de Voleibol ou Andebol? Para nós não é de certeza, nem para as equipas mais pequenas do concelho. Com esse dinheiro poder-se-ia fazer mais seis ou sete pavilhões como o de Formigueiro, por exemplo. Construir um em Ardegães, um em Sangemil, em lugares muito carentes nesse aspecto. Seria mais profícuo para as crianças. Ou então criar um parque infantil, que não existe em Pedrouços. Por isso digo que com esta política eu não continuo.

M.H. – Mas como pessoa que sempre se dedicou ao Pedrouços, não teme que, com a sua saída, o clube acabe de vez?

J.B.R. – Temo. A maioria das pessoas que lá trabalham comigo, pessoas sérias e honestas, disseram-se que se eu sair vão atrás de mim. Por isso lanço o repto à câmara: olhe para Pedrouços. A freguesia não tem nada a nível de desporto. Deixo, até, a ideia: vendam o estádio do Pedrouços, acabem com estas instalações, construam um campo sintético com uma estrutura mais pequena em que se gaste menos dinheiro e que dê para nós, para o Juventude, para o Mocidade, até para outros clubes. Se na Assembleia-geral do dia 3 de Novembro não aparecer ninguém, mantenho os meus compromissos até ao final da época, mas é ponto assente que não continuarei como director.

M.H. – Está satisfeito com o que foi conseguido no primeiro ano?

J.B.R. – Claro. Quando chegámos ao Pedrouços deparamo-nos com uma dívida de 150 mil euros e 29 processos em tribunal. Neste momento não temos processos em tribunal, não devemos nada a ninguém, a não ser à banca, visto que pedimos um empréstimo. O Pedrouços está normalizado, sem quaisquer pressões. Era um trabalho que eu queria desenvolver no futuro. Este foi um ano de transição. Fizemos obras nos balneários, colocamos a sauna e o jacuzi a funcionar, tudo realizado pelo clube. Foi um bom ano para o Pedrouços.

Fonte: Maia Hoje