Governo de Guangdong admite realização de testes a atletas chineses para se descobrir a verdadeira idade destes

O governo de Guangdong admitiu hoje que foram realizados testes a cerca de 15 mil atletas adolescentes para se descobrir a sua verdadeira idade.

Recorde-se que na China é frequente haver atletas seniores a participarem em competições de juniores ou juvenis, com o intuito de "fortalecer" a equipa chinesa, prática que é ilegal.

Depois de os 15 mil atletas terem sido submetidos a exames de RX e de análise de ossos, chegou-se à conclusão que cerca de 3000 não tinham a idade que apresentavam nas suas folhas de inscrição para provas desportivas.

Nalguns casos, foram detectados atletas maiores de 18 anos que admitiam ter 14 e 15, e num caso especifico o atleta tinha mais 7 anos do que aqueles que apresentava numa ficha de inscrição para uma prova de badminton júnior.

O resultado destes testes vem provar que a acusação feita pelos E.U.A. durante os Jogos Olímpicos de Pequim tem alguma razão de ser. Na altura, os dirigentes americanos acusaram a China de manipulação na idade, especialmente das ginastas chinesas, que admitiam ter 14 anos (idade mínima para se poder participar nas Olimpíadas), quando "na realidade deveriam ter 12 ou 13, bastava olhar para elas", declarou hoje o seleccionador norte-americano de Ginástica Artística.

No entanto, o Comité Olímpico Chinês já veio dizer que "todas as acusações feitas aos nossos atletas são fundamentadas na inveja. Os nossos atletas são os maiores e os melhores, e quando os outros não conseguem ganhar vêm-se desculpar com manipulações de idade".

Depois destas declarações a televisão chinesa veio desmentir o Presidente do BOCOG, apresentando uma reportagem onde aparece um atleta de 17 anos a admitir que se inscreveu num torneio de sub-14, sem qualquer problema.

A mesma peça mostra também alguns atletas pobres a dizerem que mentiriam só para poderem dar alguma dignidade à vida das famílias.

A televisão chinesa termina a reportagem referindo que alguns analistas já afirmaram que seria fácil acabar com as suspeições, bastando para isso submeter os atletas a exames mais específicos antes das grandes provas internacionais.


Jornalista: João Miguel Pereira